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Tradições Religiosas

Ciclo da Páscoa   

 

  • Devoção dos Aleluias – Actualmente, em Vila Ruiva, no Sábado de Páscoa, juntam-se, no adro da Igreja Matriz, crianças e adolescentes, empunhando chocalhos e guizos. Após o toque do sino da igreja, anunciando a Ressurreição de Jesus, este grupo percorre as ruas da localidade, de porta em porta, proclamando as Boas Festas Pascais. Os moradores abrem portas e janelas, ofertando rebuçados, doces, frutos secos e dinheiro, aos arautos da Páscoa de Jesus. Tradicionalmente, realizava-se em todas as freguesias do concelho de Cuba.

 

  • Devoção da Segunda-feira de Páscoa - Na Segunda-feira, após o Domingo de Páscoa, os habitantes de Cuba, na continuidade das Festas Pascais, deslocam-se em família para os campos em redor, a fim de realizarem um piquenique, onde o borrego, cozinhado de diversas maneiras, tem a primazia. Esta tradição estabelece um paralelo multisecular entre o borrego confeccionado e o culto cristão, Jesus Cristo, o Cordeiro Imolado. Esta prática, de grande adesão populacional em Cuba, transformou este dia em Feriado Municipal.
  • Quinta-feira da Ascensão – Celebra-se quarenta dias após a Páscoa. Neste dia, os habitantes de Cuba, em grupos, deslocam-se em passeio pedonal ao campo, para colher flores campestres, a fim de fazer um ramo ou bouquet. Cada ramo é constituído, tradicionalmente, por cinco exemplares de cada elemento vegetal, em evocação das cinco chagas de Cristo: cinco espigas de trigo, cinco galhos de oliveira, cinco papoilas, cinco malmequeres brancos e cinco amarelos. Algumas famílias juntavam ao ramo uma pequena côdea de pão, circular, como se fosse uma hóstia. Esta tradição está relacionada com os cultos de fertilidade agrícola na Primavera e, na prática cristã, simboliza a fé na bênção de Deus Criador ao trabalho produtivo da terra.

  • Romaria de Nossa Senhora da Represa – Realiza-se na freguesia de Vila Ruiva, na Segunda-feira de Pascoela, junto à Ermida de S. Caetano, actualmente designada por Ermida de Nossa Senhora da Represa. Acontece na continuidade das Festas Pascais e é frequentada sobretudo pelos naturais de Vila Ruiva, mas também por forasteiros e restantes habitantes do concelho. Nesta Romaria, surge o tema recorrente da mesa, que agrega os comensais ao longo do dia, intercalando esses momentos com os outros de dimensão estrictamente religiosa. Esta dimensão religiosa concretiza-se com a celebração da Missa e atinge o seu ápice na Procissão de Nossa Senhora da Represa, cujo percurso acompanha a represa romana, terminando com três voltas em redor da ermida.

 

 

 

Nota: No concelho de Cuba, ao longo do ano, faz parte da tradição, a realização de outras Procissões, como a Procissão de Velas, em Maio e Outubro, em honra de Nossa Senhora de Fátima – em todas as freguesias, à excepção de Albergaria dos Fusos – a  Procissão de S. Luís, em Agosto, em Faro do Alentejo, a Procissão de S. Bartolomeu, em Agosto, em Vila Alva, a Procissão de Nossa Senhora do Outeiro, em Setembro, em Albergaria dos Fusos, a Procissão de Nossa Senhora da Encarnação, em Agosto, em Vila Ruiva e a Procissão de Nossa Senhora da Conceição da Rocha, em Agosto, em Cuba.

 

Ciclo da Quaresma

  • Tradição da oferta do Raminho da Quinta-feira Santa – No Domingo de Ramos, crianças deslocavam-se ao campo, colhiam flores e ofertavam-nas, no próprio dia, a familiares, como padrinhos e tios, dizendo o seguinte: “Tó-me lá este raminho colhido da planta/ para me dar as amêndoas na Quinta-feira Santa”. Na Quinta-feira Santa, os familiares a quem tinha sido oferecido o raminho, agraciavam a criança com a oferta de amêndoas.

 

  • Procissão de Nosso Senhor Jesus dos Passos ou da Padeirinha – Historicamente, esta manifestação de religiosidade tem a sua génese nas Santas    Casas da Misericórdia. Ocorre na Quaresma, mas, nas freguesias do concelho de Cuba, em datas diferentes, respectivamente, na freguesia de Vila Ruiva no terceiro domingo, na freguesia de Vila Alva no quarto domingo e na freguesia de Cuba no quinto domingo. Esta procissão, composta lateralmente pelos devotos que formam duas filas paralelas e que termina com a banda filarmónica, abre com o Guião, a que se seguem nas duas filas paralelas da procissão várias crianças, prefigurando anjinhos, que transportam, cada um deles, um martírio - objecto utilizado na paixão e crucifixão de Jesus - a saber a coroa de espinhos, o chicote, a cruz, os cravos, o martelo, a torquês, a lança, a cana com a esponja e as cordas. Seguem-se os Eos. Estes são sons produzidos por instrumentos e vozes provindas de alguns elementos da banda filarmónica que, junto da Padeirinha, reproduzem lamentações que funcionam como um intróito ao canto desta. A Padeirinha – Verónica – personificada numa jovem da terra, vem a seguir e, com o sudário do rosto de Jesus nas mãos, em cada um dos sete Passos ou Paragens do percurso da procissão, entoa uma melodia em latim deturpado, que varia de localidade para localidade, sobre o tema do sofrimento de Jesus, estabelecendo um paralelo entre este e o sofrimento de todos os Homens. Vem depois o andor com a Imagem do Senhor Jesus dos Passos. O clímax desta procissão atinge-se com o Encontro de Jesus com Sua mãe, Nossa Senhora das Dores, cujo andor, provindo de outra igreja, vem ao encontro Daquele. A procissão prossegue e termina com a recolha de ambos os andores na Igreja Matriz.
  • Procissão do Senhor Morto – Realizava-se na Sexta-feira Santa à noite, tradicionalmente, nas freguesias de Vila Ruiva, Vila Alva e Cuba e actualmente apenas, mas diferenciadamente, em Vila Alva e Cuba. Esta procissão representa um funeral específico, o de Jesus Cristo. Abre com as matracas que fazem ouvir um som arrepiante durante toda a procissão. Segue-se uma grande cruz deitada, transportada por três homens e ladeada por archotes. De seguida, segue-se o sudário do corpo de Jesus, por inteiro, ladeado por anjinhos – crianças – com os martírios, já referidos na procissão do Senhor dos Passos. Depois, vem a Padeirinha – Verónica – com o Sudário do rosto de Jesus nas mãos. Segue-se a Imagem do Senhor Morto num esquife de madeira transportado por quatro homens, ladeado por lanternas e seguido do andor com a Imagem de Nossa Senhora das Dores ou da Soledade, de manto negro, ladeada também por lanternas. Segue-se o sacerdote envergando um Relicário do Santo Lenho. Os devotos seguem também em duas filas paralelas nesta procissão que finaliza com a Banda Filarmónica. Em Vila Alva, esta procissão apresenta-se com características de influência andaluza e logo muito mais exuberante, por exemplo, no que respeita à indumentária dos participantes e às próprias figuras, que se estendem por exemplo a soldados e profetas, sendo única em todo o país. Os naturais de Vila Alva continuam ainda hoje a intitular esta celebração de Endoenças.